Considerações à respeito de ser furtada

13:54

Hoje quando o relógio batia 9h da manhã fui furtada pela primeira vez na minha vida. Estava lendo no ônibus através do meu celular, levantei-me para descer no ponto, coloquei o celular na bolsa (que é uma sacola, portanto aberta!) pois não queria me desequilibrar, desci os degraus, alcancei a calçada, procurei o celular para conferir alguma coisa qualquer e ele já não estava lá.
A primeira consideração é que em todas as vezes que me passou pela cabeça ser vítima de algo dessa natureza, nunca me ocorreu que seria indo para o trabalho, em um local "seguro" (iluminado e com pessoas por perto) e sem emprego de violência. E foi rápido, muito rápido. Imaginei que seria comigo, andando com o celular na mão, dando mole por aí. Mas é claro, não sou o tipo de pessoa que dá mole com o celular em mãos andando por aí, então, concluindo, achei que nunca aconteceria. (Observação adicional: se eu tivesse continuado com o celular em mãos nada teria acontecido...)
A segunda consideração é a respeito dos momentos seguidos ao ocorrido. Quando dei por falta do celular senti meu estômago despencar direto aos meus pés, em queda livre. Fui até o apoio mais próximo que pude encontrar, coloquei minha bolsa ali e comecei a procurar pelo aparelho. Lógico que isso não fez sentido nenhum, pois como boa minimalista wanabe que sou, minha bolsa é uma sacola vazia. Não existem bolsos, não existem esconderijos. Só o fundo da minha bolsa, sem buracos negros. Então meu (outro) ônibus chegou, eu esperei todas as pessoas entrarem, cheguei próxima ao motorista e expliquei que haviam furtado minhas coisas, mas que precisava ir para o serviço e não tinha como pagar a condução.
Aproveitando o ensejo, gostaria de distribuir alguns agradecimentos: muito obrigado ao motorista do ônibus que a) me permitiu viajar sem pagar passagem, b) deliberadamente me forneceu seu celular para que eu ligasse para alguém, c) quando eu dei sinal para descer ele me deixou na porta do meu prédio do trabalho (nós estavamos parados no semáforo e ele me perguntou onde eu iria, eu apontei o prédio e disse que não tinha problema, eu desceria no ponto e voltaria a pé, mas ele abriu a porta mesmo assim e me desejou boa sorte); ao passageiro que, ao perceber minha aflição, não passou a catraca, aguardou eu me estabelecer e me ofereceu para pagar minha passagem; à senhora que estava sentada na minha frente e ficou conversando comigo para me distrair por uns 5 minutos; e por último ao meu pai, que foi super compreensivo comigo ao telefone quando finalmente conseguimos nos falar. Pessoas, existe sim amor em São Paulo. De coração, muito obrigada a todos vocês.
A minha terceira consideração é a respeito da minha reação. Fiquei razoavelmente nervosa e sim, admito que chorei. Cheguei no serviço angustiada, não conseguia falar com meu pai novamente e isso só me deixou mais nervosa. Fui então falar com a minha grande amiga e colega de trabalho. Dez minutos depois estávamos rindo. Caramba, obrigada!
Por último, eu devo dizer que sou um mix de emoções. E, por mais incrível e surreal que pareça, nenhum desses sentimentos é negativo. Tá bom, levaram embora meu celular, meu cartão da conta, meu vale transporte, meu vale refeição, minha carteirinha da faculdade e do plano de saúde. E DAÍ? De certa forma eu acho que essa pessoa ainda me fez um favor, então muito obrigada para você também, Sr. Esperto. Aprendi uma ou duas coisinhas hoje, e a vida toca em frente. Os planos de hoje a noite? Continuam os mesmos. E os do fim de semana? Também! O minimalismo nunca foi tão bem vindo, nem tão doce. Foi um presente em minha vida e esse ano (ai, esse ano!) ele se mostrou mais essencial do que nunca. E vamos que vamos! :)

12 comentários

  1. Antes de qualquer coisa, quando terminei de ler seu post mandei várias mensagens no seu whats... Olha que grande amiga inteligente! Rsrsrsrsrs
    Uma coisa que eu admiro em você é a sua capacidade de superar as coisas. Você não fica se lamentando por algo que aconteceu, muito pelo contrário, você tenta ver o lado bom. Você é inspiradora, amiga!! Estou sempre aqui para rirmos juntas!!!

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    1. Coisinha linda!! <3 Só sei que sem amigas como você eu não seria metade do que sou!
      Beijos!!!

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  2. Nossa, que barra! Nem sei o que dizer... Mas como disse a colega aqui de cima, que bom que você conseguiu aceitar bem e está superando.
    Força! :D

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    1. Andrea, obrigada! Acontece o tempo todo mesmo, não adianta ficar lamentando, certo? Não faz meu estilo!
      Beijos,
      Tate

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  3. Parabéns pela superação, Tatiana! Já passei por essa situação e o desapego me ajudou muito também.

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  4. Tati, parabéns por lidar tão bem com uma experiência que realmente nos tira do eixo.

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  5. Parabéns pelo desapego e superação. Ás vezes, Deus nos permite aprender à duras penas que não vale a pena o apego material.
    Bj e fk c Deus.
    Nana
    procurandoamigosvirtuais.blogspot.com.br

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  6. O seu post me fez refletir sobre "até onde podemos ir com o minimalismo". Se morássemos talvez em um lugar com baixo índice de criminalidade, poderíamos abusar do minimalismo! Eu, por exemplo, tento ao máximo não usar o telefone na rua, sério. Nem pra ler, nem pra ligar, nem pra conferir nada. No ônibus, nem música eu ouço. Na maior parte das vezes, tenho deixado meu telefone em casa, pois eu realmente percebi que não preciso dele. Tente isso também. Você vai se sentir meio órfã no começo, mas depois passa. Hoje em dia, só carrego meu cartão de passagem (que, por sinal, tem biometria -- ou seja, só serve pra mim), os itens que eu realmente vou precisar (canetas, papel, etc) e... 3 reais escondidos em um dos bolsos pra caso acontecer algo. Recomendo a leitura desta postagem: http://minimalizo.blogspot.com.br/2014/10/reflexoes-sobre-o-minimalismo-e.html

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    1. Laura, pois é estamos escravos de ambos: da criminalidade e dos celulares! Como eu migrei meu sistema de organização inteiro para o celular fica complicado deixa-lo em casa, pois eu realmente me esforço para usa-lo 100%, porém eu tomei algumas medidas, como por exemplo não ter um Facebook. Alias, essa dica serve para a vida!
      Beijos e obrigada pelo apoio!
      Tate

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