Você se cobra demais?

12:30

"Tate, eu queria entender o que é essa cobrança interna que nós temos..." Esse é um trecho de um comentário recebido aqui no blog hoje, e que eu vou usar de gancho para continuar o assunto iniciado no outro post. Por que temos essa sensação de que ainda não é o suficiente?
A resposta dessa pergunta é muito simples: pois somos condicionados a sempre esperar pelo futuro, e o que ele nos reserva. Imagine uma criança de 5 anos que deseja muito ir brincar na rua. Os pais dizem para ela que chegará um dia em que ela poderá fazer isso. Pense no adolescente que quer ter a liberdade de ir e vir. Ele ouve que esse dia vai chegar, mas ainda não.  Nós crescemos sempre ouvindo o discurso do "esse dia vai chegar". E isso fica de tal forma intrínseco em nosso ser que é difícil parar de enxergar o futuro. Mas é exatamente isso que está te fazendo mal hoje.
Quando eu perguntei "pelo que você trabalha?", aposto que muitas pessoas elaboraram respostas voltadas para o futuro, e eu mesma fui uma delas. "Eu trabalho para poder ter mais da vida". O problema é que quando esse dia chegar, você já vai estar focado em outro dia mais adiante. Pronto, você está preso.
Imagine então que você descobre que tem uma doença complicada, como por exemplo a AIDS ou um câncer. Quantas pessoas desistem de viver ao se deparar com um diagnóstico desses? Por que as pessoas fazem isso? Porque nós só pensamos no futuro! Somos de tal forma tão gananciosos e egoístas, que só pensamos naquele tempo que ainda tomaremos para nós, deixando de lado o tempo em que estamos vivendo, o tempo que deixamos para trás. Mas, mesmo que você não tenha uma doença, nada impede de amanhã você morrer atropelado. Então de que valeu?
É importantíssimo pensar no futuro, mas o futuro nunca chega. Nós vivemos no presente, e devemos extrair o melhor que pudermos desse tempo. Pelo que você trabalha então? Qual o prazer extraído disso?
Nesse mesmo comentário veio a frase "trabalho pelo dinheiro, e nem é tanto assim". Bom, eu vou me usar como exemplo para explicar essa parte: como muitos sabem, eu fazia um curso de cabeleireiros aqui de São Paulo. Em período integral, sem nenhum benefício (apenas o benefício da dúvida), sob uma pressão e responsabilidade enorme. Eu recebia por mês R$500,00. Por um ano e meio, eu levantei de manhã, peguei um ônibus cheio, trabalhei por 10 horas diárias, tive brigas e brigas com meus pais, por um salário de R$500. Tinha colegas, mães solteiras, que tiravam R$300. E estavam lá, todos os dias. Mesma jornada, mais anos de curso. Eu tive motivação por um ano e meio. Eu aguentei sapos, aguentei gente chata, aguentei ser diminuída. Até que um belo dia passei por uma situação que me puxou o tapete de tal forma, que não consegui mais encontrar o meu fôlego, e desisti. Eu desisti, simples assim. Por que eu fiz isso? Porque sem um motivo, não tem porque continuar dando murro em ponta de faca. Não foi por causa do salário baixo. Foi pela falta de motivação, ou seja, pela falta de motivo.
Então, pelo que você trabalha? Eu trabalhava para fazer um curso, um dia ter meu diploma. E você, para que é? Se você trabalha apenas por trabalhar, te garanto que daqui a 5 anos vai se arrepender do tempo perdido. Se é que você já não se arrepende todos os dias.
Então, encontre seu motivo. E daí então você pensa no seu futuro. Afinal, sem saber onde você quer estar daqui a 5 anos, como saber que passos dar hoje?
Eu quero ser poliglota. Por tudo e por nada, por todos os motivos e por nenhum, para arrumar um bom emprego e apenas para dizer que sou. Então para que isso aconteça, hoje tenho que investir num curso para aprender línguas. E isso me motiva.
Eu quero poder dar uma boa educação para os meus filhos, a mesma que eu tive. Por isso hoje eu guardo dinheiro, assim se amanhã eu descobrir que estou grávida de 3 meses não vou precisar sacrificar esse meu sonho. Eu já tomei minhas providências.
O meu ponto é: você deve pensar no futuro, mas apenas para iluminar os passos que você quer dar hoje. Pois se você apenas pensa no futuro, nunca vai se livrar dessa ânsia, dessa frustração, dessa dor de barriga. Então, sente-se agora, e descubra pelo que você trabalha. De um motivo para justificar esse tempo da sua vida. Se você não está satisfeita, simplesmente parta para outra. Arrume outro emprego, mude suas perspectivas. "Tate, mas não dá para fazer isso agora!" Então, dê-se ao respeito, e diga para si mesmo que "daqui a um ano, vou estar trabalhando num emprego melhor!". Diga isso todos os dias, pense nisso toda vez que seu chefe encher seu saco, ou quando aquela colega fofoqueira fizer inferno na sua vida. E faça por onde. Mas faça isso por você! Por que, senão, pelo que você vive? Se não for para ser feliz e realizado hoje, se for para ficar sempre querendo que o amanhã chegue, de que serve viver?
Então eu vou te perguntar mais uma vez, pelo que você trabalha?

4 comentários

  1. Tate, que post bacana!!! Sabe que esses dias na psicóloga ela também levantou essa questão da nossa cobrança!!! Infelizmente acontece, somos seres humanos! rsrs
    PS: adorei a minha participação! hahahaha
    Parabéns pelo blog!

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    Respostas
    1. Ai,que coincidência! E foi seu comentário que me ajudou a organizar as idéias para fazer o post mesmo! Haha

      Beijo!

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  2. Olá,
    Descobri o teu blog e estou a gostar muito.
    Estou a ler: THE POWER OF LESS e estou a tentar destralhar a minha vida!!

    P.S.: Já te estou a seguir! =)

    Muitos beijinhos
    MUAH* <3
    Neuza Mariano

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    Respostas
    1. Oi Neuza, espero que você tenha muita sorte no caminho pelo destralhamento, pois ele é longo viu? Mas é muito gostoso!

      Beijoooos!

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