"Minha esposa nem se importa com as finanças!"

23:08

Certa vez um colega de trabalho que costumava me observar fazendo minhas contas, resolveu conversar comigo sobre finanças, dinheiro e idéias para o futuro. Ele então arrumou um caderno e disse que ia se organizar melhor com relação os gastos dele, mas que a esposa não tinha a menor consideração por isso.
"Tate, ela gasta todo o salário dela com lixo!". Eu nunca esqueci dessa conversa.
Agora com o blog tendo tanto feedback com relação aos posts financeiros, eu comecei a perceber que isso é um problema constante: nós tentamos organizar nossos bens, mas os que nos cercam nos atrapalham.
Isso é ainda pior quando o assunto é financeiro, pois aí o calo de muita gente aperta, afinal quer tabu maior do que falar de dinheiro? Portanto eu resolvi expor o meu ponto de vista a respeito de como lidar com isso da melhor forma.

1. "Desde que não o envolva, posso organizar as nossas finanças com total liberdade."
Essa na verdade é a minha situação. Meu namorido têm total aversão a organização financeira. Sua função é basicamente ir até o banco pagar as contas e/ou depositar o dinheiro. E por mim tudo bem, de verdade. O problema é que eu vou ter que deixar tudo referente a nossa vida financeira mapeado, afinal quando eu não estiver mais aqui alguém vai precisar assumir essa responsabilidade. Traduzindo: se eu morrer dormindo hoje a noite, lascou-se! Com isso, meu esquema financeiro deve ser absolutamente organizado, e não apenas as contas, mas a nossa documentação também. Se você está nessa situação, lance mão de métodos práticos e fáceis, como ter uma pasta com a etiqueta "Contas a Pagar" por exemplo.
Mas  como lidar com isso psicologicamente? "Tenho medo de algum dia nossa situação ficar apertada e ele me culpar por isso..." Bom, para resolver esse ponto, vale ser sincera sempre. Seja bem clara: se nós comprarmos isso, ou nos envolvermos com esse tipo de investimentos, ficaremos alguns meses com a corda no pescoço, mas depois tudo se resolve. Imagine-se explicando isso para uma criança, então simplifique ao máximo. "Olha, nós ganhamos X, se continuarmos desse jeito, sem novas aquisições, poderemos guardar Y por mês, daqui a Z meses." E não se esqueça de levar em conta as necessidades dele: os hobbies, o lazer, a vontade de comer fora as vezes, aquele cafezinho, uma ida num jogo de futebol com os amigos. Afinal, se ele estiver podendo se divertir, não vai se sentir privado de nada, e não vai precisar extravasar a frustração decorrente da privação de diversão em você! 

DICAS ESPECIAIS
  1. Reúnam suas finanças em apenas uma conta corrente, com apenas um cartão habilitado para a mesma. Isso dá ao financista um controle maior dos gastos, se ele mantiver o cartão por perto.
  2. Crie uma conta-mesada para o não-financista e lhe de um cartão de débito vinculado a conta. Deposite um valor pré estabelecido nessa conta e a pessoa não vai se sentir tão amarrada assim. Afinal, se ela tiver dinheiro na conta, ela pode gastar com o que quiser, afinal quando não possuir mais saldo, ela vai ter que parar. Lembre-se de não deixar limite de cheque especial vinculado a essa conta, senão o tiro sai pela culatra.
  3. Ao invés de fornecer dinheiro para o não-financista uma vez por mês, dê um valor semanal para ele. Acredite: faz toda a diferença ter um recebimento semanal para o lado psicológico da pessoa.
  4. Saiba dizer não, quando não puderem comprar algo. Não é sua responsabilidade se a pessoa não souber lidar com isso, pois isso indica que ela ainda é imatura. Mas fique tranquilo: birra passa rápido, é só aparecer um brinquedo mais brilhante.
2. "Ele não aceita que eu dê nenhuma opinião a respeito das finanças dele e parece que gasta mais só para me irritar".
Ok, certo. Em primeiro lugar vamos deixar um assunto bem claro: você não é NINGUÉM para dizer como uma pessoa deve lidar com as próprias contas. Isso é um osso duro de roer, mas acredite-me: você não é. Se a pessoa não aceita, ela não aceita e pronto. "Então o que eu faço? Lógico que sou alguém, sou mãe/esposa/irmã/melhor amiga/blá blá blá." O melhor que você pode fazer é cuidar da sua parte e estabelecer os limites dessa relação financeira. Ou seja: SEM contas conjuntas, SEM cartões compartilhados, SEM empréstimos. Essa pessoa que não quer sua opinião para se organizar financeiramente, não merece também sua ajuda. Eu sei que parece duro, mas é a realidade: não é nada justo você se dedicar a cuidar dos seus ganhos e gastos e o fulano que não tá nem aí vir pedir colo quando se dá mal. Eu acredito que nós devemos arcar com as nossas responsabilidades e lidar com as consequências dos nossos atos, portanto se você alimentar a imaturidade dessa pessoa, vai apenas criar um monstro. Sem mais.
"Mas Tate, a gente divide nossos gastos da casa, o que eu faço?" Tenha uma conversa franca com a pessoa, mas sem ser desagradável. Explique que cada um vai lidar com uma parte das despesas, e que a única responsabilidade que você quer dele é essa. Essas são as prioridades: contas da casa, educação dos filhos, gastos com saúde, supermercado. Agora, se a pessoa gastar tanto que não consegue nem ter dinheiro para arcar com isso, eu sugiro que você cogite se afastar dela. Isso é um problema enorme, que não pode ser ignorado. Nós começamos devendo em lojas, passamos a dever para o cartão de crédito, então devemos para o banco, caímos na besteira de devermos para seguradoras e por fim podemos cair na mão de agiotas. E agiotas resolvem os problemas deles com uso de violência. O assunto é sério, então dê a ele a seriedade que ele merece.
DICAS ESPECIAIS
  1. Organize-se sem ostentação: não fique esfregando na cara da pessoa o quanto você é organizado, pois isso só vai deixá-la mais emburrada. Ensine pelo exemplo: pagando as contas antes de vencer, podendo comprar coisas que gosta, fazer seus programas sem peso na consciência.
  2. Não dê presentes. Se ele não pode comprar o que quer, não é da sua responsabilidade comprar por ele. Se dê ao respeito.
  3. Não faça disso um problema constante, não fique cutucando a pessoa, não traga o assunto a tona a todo momento. Liberte-se da necessidade de ter a pessoa ao seu lado fazendo a organização com você, procure nos seus conhecidos alguém que goste de falar do assunto para que você possa conversar sobre seus planos e metas. Divida com alguém que se importa.
  4. E quando a pessoa vier te perguntar algo ou pedir um conselho, não o ataque com pedras ou seja presunçoso. Responda a dúvida. Assim, ele vai perceber que funciona e vai voltar para saber mais.
Agora, mais um adendo importante: uma das coisas que eu aprendi como maquiadora é que o ato de maquiar é um ato de delicadeza e tranquilidade. Nós não podemos passar o pincel, a esponja e afins com violência nos rosto das outras pessoas, pois machuca, deixa manchas e marcas no trabalho. Mancha também nossa credibilidade profissional. Essa pequena descoberta eu trouxe para a minha vida pessoal, e ela está fazendo toda a diferença nos meus relacionamentos. Por isso, ao lidar com uma pessoa que não curte esse empenho com as finanças, seja delicada, tranquila e pontual. Faça o teste e poderá descobrir uma bela surpresa!

12 comentários

  1. Adorei as dicas! No meu caso eu que estou tentando cuidar da parte financeira e meu marido não se importa com isso,até me ajuda...

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    1. Que sorte! Espero que ele continue sempre ajudando!

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  2. Te dei um selinho lá no blog. Não é obrigatório aceitar, ok? Beijo!
    P.S. Depois eu volto pra ler o post e comentar sobre. hehe.

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    1. Valeu Helida, assim que der eu dou um pulo pra ver amiga! ;)

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  3. O assunto dinheiro é realmente muito delicado. Eu nunca tive a experiência de ter que pensar em finanças como parte de um casal, mas gostei muito das suas dicas. Como sempre muito sensatas. Beijo!

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    1. E você como sempre muito gentil! Quando chegar o dia, esteja preparada, pois é uma coisa totalmente diferente!
      Beijo!

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  4. Gosto tanto de ler os teus dois blogs... adoro as dicas..
    bjs

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    1. Ah, obrigada! Eu estou muito em falta com o outro blog, mas estou bolando um jeitinho de contornar isso! Obrigada pelo comentario Patricia! Beijos!

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  5. Tapa na minha cara...doeu mas foi bom! Eu sou exatamente a pessoa que atrapalha as finanças, mas to tentando melhorar, juro! Ótimo blog!

    Érica

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    1. Érica, o primeiro passo é reconhecer isso! Parabéns você está no caminho!
      Qualquer coisa dá um grito aqui no blog tá?

      Boa sorte!

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  6. Esse texto representa fielmente o meu relacionamento com a minha noiva, e estou fazendo de tudo para dizer não aos impulsos consumistas dela e o meu receio é depois do casamento as coisas piorarem

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    1. Germano, infelizmente esse tipo de atitude só melhora quando a pessoa quiser melhorar. Seja firme, mas esteja preparado para enfrentar inimigos fortes no campo de batalha. Se eu puder te dar uma dica, leia o livro "Casais inteligentes enriquecem juntos" do Gustavo Cerbasi! Vai te ajudar muito!

      Boa sorte, qualquer coisa estou aqui!

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