Mas eis que eu cheguei em casa e realmente procurei uma imagem e imprimi. Pesquei um estojo de lápis aquarelaveis do meu pai que estava perdido por ali, afinal meu estojo com todos os lápis de cor que eu tanto me apeguei eu mandei embora para a netinha de um colega de trabalho. Tantos anos trancado dentro do meu armário, melhor que vá fazer feliz uma pessoa que pode dar o valor a eles. Depois de dez minutos, ao invés de estar pintando e realizando minhas vontades, estava eu, presa ao tablet, pesquisando furiosamente técnicas e cursos on-line de pintura. Opa, peraí!

Eu queria apenas pintar um pouco e distrair a mente. Larguei o tablet, me dei uma bronca e resolvi começar a trabalhar. Então travei. Que cor eu uso? Dá-lhe a buscar o tablet de novo para pesquisar referências. No final, só consegui largar o dito quando me convenci que não teria problemas se as cores não combinassem. E então pude finalmente me entregar ao que tanto queria.

E como eu me senti? Livre. Livre e em paz de um jeito que eu nem imaginava que poderia, ao fazer uma coisa tão simples. La estava eu, pintando por pintar, como uma criança, sem motivo algum, apenas pela paz de espírito.

Porque queremos complicar tanto a vida? Eu não precisava de nada, poderia só ter chego em casa e me entregado a pintura. A conclusão que eu cheguei foi que a partir de agora vou voltar a pintar. Sei quão corrida é a minha vida, mas me fez tão bem. Eu tinha até chegado a agendar uma terapeuta por conta dos meus níveis de estresse, mas já cancelei a consulta. Talvez eu use o dinheiro que ia gastar na consulta comprando o tal estojo de lápis de cor e assim posso investir um pouco nessa nova terapia. Garanto que sairá muito mais barato.