Jogo Minimalista - Considerações finais

09:00

Dezembro acabou e levou com ele 500 objetos que estavam pesando na minha vida. Foi um mês interessante onde coisas inesperadas aconteceram, e para explicar melhor eu resolvi fazer esse post-relatório. 
Como minha rotina é bem puxada (no começo do mês eu ainda estava tendo provas na faculdade) eu usei uma tática para conseguir manter o desafio: durante os finais de semana eu fazia um grande destralhamento e juntava todos os objetos em uma pilha no meu quarto. A grande sacada do desafio era se livrar dos objetos dentro do dia em que eles estavam vinculados. Então, nos dias corretos eu pegava os objetos e levava embora! Simples assim! 
Até que chegou a madrugada do dia 10. Acordei com dores fortíssimas, dei entrada no hospital à 01:30hrs e só recebi alta no dia 12. Fiquei em pós operatório e só me recuperei plenamente no dia 20. Durante os dias que eu estava em recuperação, tentei separar algumas coisas do desafio, mas poucas delas saíram da minha casa. Então, por causa das minhas limitações, eu resolvi que até o fim do mês eu ia me desfazer de tudo, pra valer!
Tiveram dias que, mesmo tendo a pilha de objetos no meu quarto, eu jurava que não ia conseguir. Quando descobri o desafio, reparei que muitas pessoas chegavam apenas até o dia 20, mas muito antes disso eu já estava tendo dificuldades. Eu pensava "tenho tantas coisas, será possível que realmente a maioria não é tralha?". E ao olhar a minha volta eu via muitos objetos que não tinham o menor valor sentimental, eram apenas coisas!
Por outro lado, eu me desfiz de objetos que eu nunca ia sequer imaginar, como o meu cofre em formato de porco, por exemplo. E senti tanta dor de mandar embora meus clipes de cabeleireiro que até agora não entendo o porque de tanto apego com aquelas coisas. E algumas conclusões a respeito da minha vida e das minhas escolhas me assombraram junto com alguns objetos que desapeguei. Você pensa que é bem resolvida, mas não é coisíssima nenhuma. Você não é dona de seus objetos, a verdade é que eles são seus donos.
Depois de alguns dias, eu comecei a reparar em um fenômeno estranho: pequenos espaços foram surgindo. Um espaço entre o último DVD da pilha e prateleira de cima da estante. Um espaço na caixa de esmalte, que fazia eles ficarem tombando o tempo todo. Espaço na caixa de roupa de cama, na gaveta de pijamas. Espaço no maleiro. Muito espaço no maleiro. Espaço entre os cabides do armário. Espaço na maleta de maquiagem. Espaços surgiram, as coisas ficaram mais bem organizadas e ao mesmo tempo estranhamente deslocadas. Caixas vazias surgiram.
Eu mudei. Eu costumava pensar que sempre existe algum acessório que podemos comprar ou fazer para ajudar na organização e agora eu penso que se você precisa trazer mais uma coisa para sua vida é porque alguma coisa está errada. De repente eu comecei a limitar os espaços que os objetos podiam ocupar na minha vida, e isso fez sentido. Uma caixa menor para os esmaltes, uma gaveta para toda a roupa intíma, uma caixa para todo o papel. Cada vez menor.
Além dos objetos do desafio (que foram fotografados e documentados aqui) ainda tiveram outros que foram embora em um impulso tão rápido que não dava tempo de registrar. Ou aqueles tão insignificantes em tamanho que só foram direto para o lixo.
Alguns dias me exigiram seu preço, outros foram tão fáceis que me senti como se estivesse trapaceando. No final do desafio, eu fiquei com um buraco de dois dias: dias 28 e 29. Eu tinha separado e fotografado todos os dias, mas não tinha nada para esses dois. E agora? Bom, eu vou tentar, nem que  só mande embora uma coisa em cada um, afinal tiveram dias em que eu me desfiz de mais objetos do que apenas os previstos, que eu contei pequenos grupos como um só. Acho que faz parte, afinal é muita coisa para considerar. De todos, não me arrependo de nenhuma escolha. E tenho certeza que não posso me considerar perdedora do desafio, não depois de tantas coisas terem ido embora da minha vida.
Adorei a experiência, foi libertadora! Vou, com certeza, repeti-la. Talvez daqui a um ano, em Dezembro também. Mas será que ainda vou ter tantas coisas para mandar embora? Estou pensando também em dividir essa experiência com a minha mãe, porque esse desafio foi feito apenas com as minhas coisas e eu sei que na minha casa tem muita tralha.
No mais, quero convidar você a participar da brincadeira também, que tal?! Alguém se habilita?!

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