Como organizar sua vida financeira de uma vez por todas - Parte 6

12:30

Antes de continuar falando sobre finanças, eu tenho um aviso: eu tinha cogitado a hipótese de falar sobre como lidar com situações mais extremas de endividamento, como eu citei no fim da parte 5. Mas eu não consegui levar o assunto para a frente. Por quê? Porque o que eu considero uma situação extrema é diferente do que você considera extremo. Porque eu não conseguia elaborar uma situação extrema para exemplificar as dicas. Então eu me toquei que eu estava fugindo do assunto. Porque quando eu considerei começar a falar de como organizar sua vida financeira de vez eu ia expor o modo como eu fiz, a linha de ações que eu segui. E falar sobre situações financeiras extremas não entra nisso.Então eu tomei a seguinte decisão: vou finalizar a série com o desfecho que eu mesma tive e continuar falando sobre finanças, respondendo dúvidas, dando exemplos que eu tiro da vida real. Cada situação pode precisar de um post específico, por isso tentar diminui-las para que caibam na série vai ser um tiro no pé. Mas fiquem tranquilos, eu continuarei abordando o assunto mesmo com o fim da série, e ano que vem, provavelmente, com muito mais autonomia.

11. Priorize seu lazer
Um erro muito comum quando começamos um regime financeiro é que sempre cortamos os nossos mimos antes de qualquer outra coisa. "Opa, estamos em dificuldade, vamos parar de ir ao cinema, comer pizza e jogar boliche!". Terrível engano! Lembra do que acontece com quem se priva? Se frustra. Eu não me lembro exatamente onde, mas sei que aprendi esse conceito com o Gustavo Cerbasi. Você pode até conseguir se "controlar" por algum tempo, mas quando a bomba estoura voa sujeira para todo o lado. Então como lidar com isso? Como colocar sua vida financeira nos eixos sem abrir mão dos seus hobbies? Bom, eu encontrei um jeito, vou explicar o que eu fiz.
Primeiro, nós (eu e meu noivo) analisamos o que era importante. O que não podíamos ficar sem (no sentido de sentir frustração caso não pudéssemos mais usufruir)? Vou usar o Re como exemplo, porque é o melhor exemplo que posso dar. O Renato, meu noivo, é um gamer. Ele chega em casa e joga, nos fins de semana ele joga. Sempre que ele puder, onde ele estiver, o jogo que for. Ele irá jogar. Como eu fui criada com outro gamer (meu irmão mais velho é assim também!) eu não ligo nem um pouco, na verdade amo. Quando eu era pequena e ficava com medo de ir dormir eu ficava assistindo meu irmão jogar e dormia como um bebê. Hoje, se fico ansiosa por algum motivo é só olhar 10 minutos para um jogo que eu capoto. Conheci meu noivo assim, e eu respeito isso, porque ele também respeita o fato de eu ler um livro de 600 páginas em 2 dias. Exatamente nesse momento, o Re joga um game de plataforma online (enquanto escrevo esse texto ouço o barulho do jogo atrás de mim!). Nesses jogos, existe a possibilidade de se jogar de graça, ou comprar algumas regalias. E, eu adoro o sentimento de poder comprar esse motivo de felicidade para o meu noivo. Por isso, se eu privasse ele disso, eu sei que em pouco tempo a frustração e o sentimento de "por que eu não posso ter nada?" iam se manifestar. Poderia, e provavelmente iria, arruinar nosso relacionamento. Então bolei a seguinte estratégia: como ele vai de carona para o serviço e leva comida todos os dias, ele iria ganhar uma semanada no valor que fosse economizado do vale transporte e vale refeição. Como ele é muito generoso, ele resolveu dividir esse valor comigo. Então por semana nós temos X dinheiros para gastarmos com o que queremos. Senti vontade de tomar um Starbucks? Bora lá! Quer comprar pontos no jogo? Corre pro banco! Queremos comer fora na sexta a noite? Com direito a entrada, acompanhamento e sobremesa! Então, mesmo com todas as contas, e ainda não estando financeiramente livres, leves e soltos, nunca nos privamos de nada! "Mas que coisa idiota para se gastar dinheiro!" Bom, se você gosta de viajar, viaje, se você gosta de sapatos, compre sapatos, se você gosta de ir para a balada, vá para a balada. Faça o que te faz feliz, com o dinheiro que você puder dispor para isso? São só R$20,00 por semana? Então aproveite esses R$20,00 até o fim. Vale economizar eles para comprar algo, vale gastar tudo de uma vez. Mas é importante que você gaste. No começo a gente fica meio desesperado. O Re investiu dinheiro no jogo umas 7 semanas seguidas, até baixar o fogo dele e cair a ficha que esse dinheiro não ia sumir. Era um acordo que ele ia ter esse valor toda semana até o fim. E nós vivemos muito bem assim, então quando a dívida aliviar não teremos necessidade de aumentar ele. Faz sentido? Ah, e não precisa fazer um envelope para isso, esse dinheiro fica direto na carteira! ;)
12. Conheça o que você tem.
Agora que você tem um dinheiro para gastar sem peso na consciência, chegou a hora de saber o que você possui, para assim não ficar aflito querendo gastar dinheiro. Eu fiz isso com o meu guarda roupas. Reduzi ele em 75%, porque tinha muita coisa mofando lá dentro. Roupas que eu não gostava, roupas que eu não usava, roupas velhas. Roupas que eu não fazia questão. Calcinhas, sutiãs, meias, biquínis, calçados. Produtos de cabelo, cremes, maquiagem. Meus livros, minhas revistas. Tudo que me fazia sentir impulso de consumir. Eu analisei friamente o meu gosto pessoal, meu estilo, o que eu realmente usava, o que era jogar dinheiro fora. Tive que listar os livros que eu tinha e salvar no celular, para num momento de tédio não comprar nada repetido. Gravei também meus autores favoritos, para correr atrás de mais obras deles. Foi bem bacana. Depois de fazer isso eu usei meu dinheiro para comprar roupa de cama, porque desde quando eu ganhei a cama de casal, em janeiro, não tinha feito isso, e minha mãe tinha me emprestado uns lençóis do meu irmão. Quando tomei consciência que tinha todas as roupas que eu precisava, mas nenhuma roupa de cama corri para um OUT LET aqui do lado de casa e investi R$70,00 em lençóis e fronhas. Sem peso na consciência. Hoje ando em um shopping tranquilamente. Eu sei que tenho tudo que quero, tudo que preciso. Quando vejo uma coisa muito desejável rapidamente avalio se realmente tem espaço na minha vida aquilo. Na maioria das vezes eu esqueço, em outras fica martelando na minha cabeça aí eu vou lá e compro. Como no sábado, depois do vestibular que eu fui dar uma volta na Liberdade e me apaixonei por uma necessaire. Como ela ficou na minha cabeça até quarta, quando fui fazer a matrícula eu acabei comprando, porque foi uma coisa que eu quis. Ou na quinta, que eu experimentei um sapato que eu tava namorando faz tempo e o Re acabou em dando de presente. Assim que cheguei em casa joguei outros 2 velhos fora. Sem peso na consciência mesmo. Então conheça o que você têm, e o que você quer, assim quando você gastar seu dinheiro não vai ganhar de brinde um sentimento de culpa e remorso. 

Talvez você, que esteja lendo isso agora, sem ter aplicado os passos anteriores, esteja pensando: que grande porcaria, quanta besteira. E realmente, nada impede de ser uma grande besteira tudo que eu falei, mas eu repito: eu apliquei cada passo desses em minha vida, e hoje eu deito a cabeça no travesseiro e durmo tranquilamente a noite! Faça você também, adapte o seu jeito. Mas não fique sem fazer nada.

2 comentários

  1. Essa postagem me ajudou a entender o motivo de muitas vezes ter conflitos com o marido,pois não entendia que não deveria privar do que gostamos de fazer e fazia isso o que causava brigas,agora que entendi concerteza as coisas vão ser diferentes...obrigado por ajudar!!

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    Respostas
    1. Ai que bom! Você vai ver que faz o mundo de diferença! Me conta mais depois, por favor!
      Beijão!

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